No bairro de Magoanine,
arredores da capital de Moçambique, Maputo, vivia uma família completa por
cinco pessoas, na qual a chefe da família é a Mãe, a Tia Helena, e mais seus
quatro filhos, duas Meninas e dois Meninos, em segundo sou Eu, Unidos, na
pobreza, na alegria, e no carrinho um pelo outro, a família sobreviveu a vários
desafios da vida, para ser o que é hoje.
Falemos um pouco do
Didi, tratado por macabeça, pela família. Ele foi e sempre foi um menino de
muito respeito, pois essa era a primeira regra da casa, imposta por Dona
Helena, e a segunda que não foz do respeito, era saber ouvir. Essas duas regras
eram essências, para se livrar da varra que não se parte, que somente a Dona
Helena sabia onde ficava, e quando assim como porquê usar.
Os pequenos da casa
era Didi e a sua Irmã mais nova, então nós, estávamos encarregues de todo
trabalho de casa, menos cozinhar, o que muita das vezes era a tarefa da Mana e
da Dona Helena. O Didi, tinha como tarefa, varrer o quintal e dentro de casa,
tirar o pó, e a Cassula cuidava da loiça e limpar o chão da casa. Fomos
educados e ensinados, que antes do banho não se comia, então após as tarefas da
casa, era imperioso o banho e bem feito, pois para o mal feito, havia lá alguém,
a Mana, que se encarregava, de mandar repetir o banho. Para dizer que ser limpo
ou a higiene, sempre foi um importante detalhe na nossa família.
Voltando para o
Didi, este adorava brincar, mas também a escola fazia parte, aos finais de
semana, depois de trabalhos de casa terem sido feitos, e do pequeno-almoço,
estava Eu liberado para brincar com os meus amigos da zona. Jogávamos a bola de
saco (xingufo), em ruas abertas e muita das vezes descalços, que adrenalina, e
mais, fabricávamos carrinhos de ferro, ou de arrame, o que era um pouco
trabalhoso, porque todas as manhas tínhamos o dever de ir a procura do arrame,
as latas para as rodas, o elásticos, e os fios finos de bronze, para fazer as
ligações. Depois do material reunido sentávamos numa das sombras, com pedras
bem duras, martelo, para quem tivesse, iniciávamos com montagem dos nossos
carros, sem se esquecer do caniço, a chave para a condução dos mesmos.
Ele era conhecido
por quase todos na sua zona, isso devido a sua participação em quase todos os
jogos de futebol que decorriam na zona.
Mas seria um erro
falar da infância do Didi e não falar do Mito, grande amigo do Didi. Mito era o
amigo inseparável do Didi, expecto nos meio de semana por causa da escola, o
quando saiam de ferias, a amizade deles ainda prevalece ate os dias de hoje,
apesar da distancia que existe entre eles, motivacionada pelos estudos de Didi.
Durante a minha
infância, posso afirmar que tive a felicidade, a oportunidade, de aprender e
apreender muita coisa boa, e o saber da distinção entre o bom e o mau, para mim
como criança assim como adulto nos anos que se viriam.
A minha infância é
muito diferente daquilo que é hoje. O exemplo claro e concreto disso, é o
espaço onde Eu cresci, os pequenos meninos e meninas, já não brincam da mesma
forma, já não jogam o xingufo, já não se faz carrinho de ferro, alias um e
outro, mas para dizer em outras palavras que as coisas mudaram. A minha
pergunta seria: Porquê? Qual é a diferença da criança de hoje 2016 e a criança
de 2008?
Claro, muita coisa
mudou, mas os pais dessas crianças não mudaram. Eu não os culpo, e nem as
crianças são culpadas pelo tempo em que vivem, mas uma coisa devemos ter a
noção, saber adapta-las e ensina-las, de modo a seguirem um bom caminho na
vida, independentemente dos tempos em que irão se encontrar, o que significa,
seja la qual for a era, o lugar, o tempo, o espaço, nunca deixemos de ser
aquilo que somos, pelo lado bom, o respeito não tem eras, o saber ser e estar,
não tem eras também. Se fui ensinado a respeitar os mais velhos em 2008, não
quer dizer que hoje em 2016 devo perder o respeito, só porque estou numa fase,
onde as "coisas ruins" estão acessíveis aos mais novos, e mais velhos
cada vez Mais ocupados, perdendo tempo, muita das vezes para o controlo, dos
seus filhos, para as necessidades e progresso dos seus filhos.
Na minha infância
não era problema, passar duas horas em roda, a conversar com os outros meninos
da mesma idade, e veja que as conversas eram criativas, não era problema, sair
a passeio sem dinheiro ou com pouco dinheiro, não era problema dividir o pouco
que tivesse com aquele que nem o pouco tinha, resumindo eramos unanimes,
irmãos, o espirito de irmandade, a ausência do egoísmo, pois este o egoísta, o
orgulhoso, o que se achava o tal, este fica sem amigo, e sem com quem brincar,
o que era triste e mau, na minha altura.